Wednesday, July 17, 2013

Reforma Política o que queremos e o que sabemos?

Segundo a ONG Transparência Brasil, na campanha de 2010 foram arrecadados em doações de campanhas para deputado federal R$ 4,8 bilhões, metade desses recursos foram doados por empreiteiras e construtoras e dos 513 eleitos 369 foram os que mais gastaram, uma média de 12 vezes mais dos que não se elegeram.
Ou seja, os nossos principais políticos (deputados federais, senadores e eleitos para os poderes executivos) são praticamente reféns dos donos do dinheiro, de uma elite que transforma os políticos em seus prepostos, para vergonha e constrangimento de nossa sistema democrático.
Por isso, tivemos que ir para as ruas. E o povo na rua quer a reforma política para melhorar o atual regime democrático e resgatar políticos do comando das construtoras e dos banqueiros.
Mas o que exatamente queremos e o que entendemos das propostas atualmente apresentadas para debate?
Sabemos direitinho os efeitos do voto distrital, da lista fechada dos partidos, do financiamento público de campanha como são as propostas que serão discutidas e votadas no Congresso Nacional?
As respostas e o esclarecimento são urgentes pois cada vez fica mais inviável uma Constituinte para se discutir a reforma política de maneira profunda e participativa.
A lista fechada dos partidos – os atuais dirigentes partidários definiriam a prioridade dos que seriam eleitos. Nesse caso, a renovação das casas parlamentares ficaria comprometida. Só aqui no Grande ABC em cada eleição pra as Câmaras dos Vereadores conseguimos uma renovação próxima de 40%. Com a lista fechada, os caciques dos partidos se manteriam eternamente no cargo;
Financiamento público de campanha – Aqui temos muitas dúvidas. Por exemplo, com o além do financiamento público, teríamos também o Caixa 2, que continuaria sem controle como agora? Ou ainda, o dinheiro público será entregue aos partidos e quem decidirá a parte que será gasta na campanha de cada candidato? Ou outra dúvida: o dinheiro público só será usado para as campanhas dos partidos ou beneficiará também os candidatos, inclusive os recém-chegados à política? Ou seja, temos ainda muitas dúvidas quanto a esse tipo de financiamento, pois só uma informação transparente nos ajudará a evitar mais encarecimento das campanhas e a manipulação das verbas públicas que poderiam ser encaminhadas para outras prioridades.
O voto distrital – Acreditamos que o voto distrital, quando os candidatos se inscrevem e são eleitos pelos bairros e distritos de origem seria a melhor opção para acompanharmos, de perto, o seu desempenho. E ser capaz de renovar seus mandatos ou puni-los caso não cumpram as promessas de campanha, se envolvam com corrupção ou com algum ato que desabone o exercício do mandato.
O importante é ficarmos atentos a essas modalidades que entrarão na pauta dos jornais nos próximos dias e cuidar para  que não sejamos enganados, mais uma vez, e ter que voltar para a rua para derrubar uma reforma política que possa surgir apenas para manter o atual situação que, decididamente, não queremos. Como já mostramos nas ruas.
Deixar claro que queremos políticos comprometidos com o regime democrático pleno, que estabelece o Parágrafo Único, do Primeiro Artigo da Constituição brasileira: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”
Lá não está escrito que o poder deva ser exercido, direta ou indiretamente através dos políticos eleitos, pelas empreiteiras, banqueiros, grandes grupos de comunicação e capitães da indústria. 

Wednesday, March 28, 2012

Dívida ou desespero?

Adilson Torres dos Santos, o Sapão, diretor tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá


Tem momentos em nossas vidas que parece que perdemos o rumo. Nos casos de doença grave ou de perda de um ente querido, só nos resta o conforto espiritual, pois temos a certeza que se trata de algo que só Deus pode resolver.
Mas existem outros momentos também tão desesperadores mas que depende apenas de a gente conhecer o caminho das pedras para evitar que o desespero tome conta de nossa vida.
Estou me referindo às situações em que perdemos o controle de nossas dívidas e temos que ter o sangue frio para achar, rapidamente, uma saída. Sem cometer atos desesperados ou comprometer nosso futuro.
Estou escrevendo esse texto porque fiquei sabendo de companheiros e companheiras que se endividaram a ponto de perder o controle. E no desespero abriram mão da estabilidade para zerar suas contas. O que acredito ser uma medida extrema que temos que, juntos, buscar uma saída.
Quando o trabalhador abre mão da própria estabilidade no emprego para acertar suas contas, está vendendo a certeza de curto prazo do seu futuro, que nos custou muito caro enquanto categoria profissional para conquistar e negociar. Seja a estabilidade por motivo de doença, por participar da Cipa ou por ocupar algum cargo de representação de seus companheiros e companheiras.
Por isso, resolvi tratar o assunto endividamento de frente e com a seguinte palavra de ordem: a dívida não pode nos levar a perder a cabeça e comprometer nosso futuro.
Vamos mobilizar os especialistas que o Sindicato tem acesso e promover cursos de educação financeira, no qual aprenderemos como renegociar, legalmente, nossas dívidas. Vamos aprender, na prática, com exemplos concretos, como criar uma reserva financeira que nos proteja e às nossas famílias. Vamos conquistar nossa liberdade financeira para não nos vermos, nunca mais, escravos de dívidas que só nos trazem angústia e desespero.

Thursday, January 12, 2012

Decisões pessoais e intransferíveis


Por Adilson Torres dos Santos, o Sapão

Como trabalhadores estamos acostumados às decisões coletivas. Nossos reajustes salariais dependem de nossa ação conjunta em torno do Sindicato para que consigamos bons acordos salariais. O nível de emprego depende de políticas econômicas e da nossa capacidade de se mobilizar e de pressionar as instâncias governamentais, tudo feito, claro, de maneira coletiva.
Mas existem decisões que dependem de nossa atitude pessoal e que são intransferíveis.
Por exemplo, motivar nossos filhos para que tenham um bom desempenho na escola. É um dever dos pais que devem se acostumar a tirar pelo menos meia hora por dia para conversar com os filhos, de maneira detalhada, sobre o desempenho escolar.
Pegar os cadernos, verificar as observações dos professores, ligar para o diretor ou diretora pedagógica, nos informar quando acontecerá a próxima reunião de pais e mestres, indagar sobre o comportamento e aproveitamento de nossos filhos. É uma decisão nossa e intransferível. Que se tomada com frequência permitirá um melhor aproveitamento de nossos filhos na educação essencial para os seus desenvolvimentos futuros.
O mesmo tipo de responsabilidade pessoal se aplica ao posto de saúde, ao transporte público e à segurança em nossos bairros.
Se abrirmos mão de nossa responsabilidade pessoal a coisa pública que nos afeta coletivamente continuará a funcionar precariamente. Pois o administrador público, geralmente um político eleito ou nomeado por um político eleito precisa saber quais são nossas avaliações. São homens e mulheres dependentes do voto para renovarem suas posições administrativas e que quando convenientemente pressionados, tendem a buscar respostas.
E caso não respondam aos apelos diretos que façamos para melhorar o atendimento no posto de saúde, na escola dos nossos filhos ou no transporte coletivo teremos como opção excluí-los de nossa votação nas próximas eleições.
Ou seja, do mesmo jeito que somos responsáveis pelo voto somos também responsáveis pelo acompanhamento pessoal direto do desempenho dos nossos políticos e administradores públicos, pela educação dos nossos filhos, pelo funcionamento adequado dos postos de saúde.

Projetos ou bolhas de sabão?


Adilson Torres dos Santos, o Sapão

A cada ano que começa, a exemplo de 2012, muitos de nós estão com a alma até aqui de boas intenções. Os planos pipocam como os brindes e as gargalhadas. Mas correm o risco, e todos nós reconhecemos, de se transformarem em bolhas de sabão e se perderem antes mesmo da chegada do Carnaval.
Talvez uma boa idéia seja conversar com nossos familiares, os mais chegados e mais cheios de fé no nosso potencial, e dividir com eles e com elas nossos planos para o ano que começa.
É uma maneira de a gente avaliar se estamos sonhando ou se planejamos com os pés no chão. E se conseguirmos um mínimo de aprovação para nossos projetos, conquistaremos de tabela a cumplicidade das pessoas que são importantes para nós.
Um plano difícil de fazer mas muito fácil de colocar de pé é estimular a nós mesmos e a nossos filhos para conseguir uma boa educação no ano que começa. Se educar tem a ver com escola, professor, livros. Mas tem a ver, principalmente, com a determinação de aprender algo novo e que seja útil para nossas vidas.
Podemos fazer cursos on-line ou frequentar um curso de língua. Quem sabe aprender chinês ou espanhol? Podemos nos inscrever na biblioteca mais perto e tentar, a princípio, ler um livro por mês. Difícil? Então faça as contas comigo.
Se você ler dez páginas por dia, consumirá por volta de 30 minutos. Se repetir o hábito durante 5 dias por semana, depois das 52 semanas de 2012, terá lido 2.600 páginas. Ou o equivalente a dez livros de 260 páginas.
Viu? É fácil planejar. O difícil mesmo é se comprometer com o projeto e ter a disciplina para realizá-lo. É melhor assumir uma decisão e agir. Antes que sua vida se consuma em vários Natais e Fins de Ano e você seja levado pelo vento como uma bolha de sabão.

Wednesday, November 9, 2011

Universidade pública para poucos

Por Adilson Torres dos Santos, o Sapão

Notícia divulgada esta semana pela Agência Estado, mostra que o Brasil subiu uma colocação no Índice de Desenvolvimento Humano 2011. O relatório, divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mostra o País em 84º. entre 187 nações.
Os números usados pelo relatório mostram que o Brasil tem hoje uma expectativa de escolaridade de 13,8 anos, superior a países de Alto Desenvolvimento Humano como Luxemburgo (25º.), Emirados Árabes (30º.) e o Catar (37º.).
A escolaridade real, no entanto, é de apenas 7,2 anos, semelhante a países muito mais pobres como a Suazilândia, Gana ou o Suriname. A tradução desses número é que uma criança brasileira tem chances reais de completar o ensino médio e entrar em uma faculdade porque há oferta de vagas e o ensino básico brasileiro obrigatório é de 12 anos.
Na prática, uma boa parte delas sai antes mesmo de terminar o ensino fundamental. Segurar esses meninos e meninas na escola, fazer com que aprendam é um dos maiores exemplos do trabalho difícil que País ainda não conseguiu fazer.
Nessa corrida rumo às vagas na universidade quem ganha, sempre, são os filhos das famílias de classe média e classe média alta. Apesar de o sistema educavional brasileiro ter uma estrutura adequada para se encaixar os jovens, a qualidade da Educação é precária e a infraestrutura social e econômica das suas famílias obrigam os jovens a buscar alternativas para a sobrevivência.
Os reflexos foram identificados pelo Índice de Desenvolvimento Humano que mostra que precisamos agir, com comprometimento político e social para apoiar os jovens ao longo de sua formação.
Pois os investimentos de se garantir o acesso à uma educação universal, apesar dos esforços do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deixa sistematicamente do lado de fora das universidades públicas grandes contingentes de brasileiros. Só porque são pobres e obrigados a aceitar empregos precários para financiar uma educação e uma vida igualmente precárias.
Qualquer cidadão medianamente informado no Brasil chega à conclusão simples que gostaríamos de dividir com você ou educamos com responsabilidade social e econômica, garantindo oportunidades de acesso à educação, ao longo de toda a vida infantil e juventude, especialmente os mais pobres, que realmente precisam de apoio social ou continuaremos a ter um Brasil elitista, com universidades públicas financiadas pelo poder público, dinheiro de todos nós, mas com vagas apenas para os filhos dos ricos.

Wednesday, October 26, 2011

Detalhes que nos confirmam cidadãos


Por Adilson Torres dos Santos, o Sapão

 
Todos nós gostamos de bater no peito e nos apresentar como bons pais de família, respeitadores da ordem pública e das lei vigentes. Ensinamos nossos filhos a amar o próximo e, em momentos de grande paz, até entendemos os ensinamentos cristãos de perdoar nossos inimigos.
Dentro de casa somos os primeiros a defender os direitos dos idosos (afinal temos avós e pais que amamos) e dos deficientes, que consideramos merecer um tratamento diferenciado para ajudá-los a conviver em comunidade.
Mas basta entrar num carro e sair pelas ruas de nossa cidade que parece que nossa alma é tomada por um espírito não-cidadão. Na dificuldade para estacionar, ocupamos a primeira vaga disponível seja destinada a idoso ou a deficiente.
Talvez passe por nossas cabeças que se a vaga está sem ninguém é porque nenhum cadeirante ou idoso vai precisar mesmo dela. E, depois, nos justificamos, vou ocupar a vaga só por alguns minutos, talvez uma hora. Ou quem sabe, repetimos ali no estacionamento o comportamento aceito dentro de um ônibus ou metrô de ocupar os assentos reservados para os idosos, grávidas ou deficientes e levantar assim que aparece algum passageiro nessa situação. Só que no estacionamento, trancamos o carro e levamos a chave. Ou seja, transformamos a vaga de uma pessoa que tem direito a ela por lei, em nossa definitivamente.
Esquecemos dentro de casa toda a nossa civilização e assumimos na prática o nosso pior lado ao invadir uma vaga que é destinada por Lei Federal para os idosos e os deficientes.
A lei 10.098/00, regulamentada por decreto de 2004, estabelece que todo estacionamento deve reservar 2% das vagas para deficientes.
O desrespeito é tão sistemático que se pretende exigir dos estabelecimentos, shoppings e estacionamentos, que fiscalizem nossa falta de civilidade. É um constrangimento imenso para cada um de nós, cidadãos, pais e mães de família, pagadores de impostos e donos de títulos de eleitores, termos que ser corrigidos por guardas de estacionamento.
A esperança é que o constrangimento nos estimule a repetir na rua o que pregamos em casa. E apostar, de verdade, na proteção dos idosos e dos deficientes. E respeitar, de verdade, as vagas que lhes são destinadas.

Tuesday, October 11, 2011

Semana das Crianças fora das creches


Por Adilson Torres, o Sapão
Na Semana da Criança toda a atenção, carinho e discursos se voltam para as crianças. Temos o ambiente adequado, então, para que se adotem as providências necessárias para se resolver um grave problema na região: 24.178 crianças de zero a 5 anos de idade permanecem na longa fila de espera de creches.
E não é por falta de exemplos e de se saber como se resolve este gravíssimo problema, que afeta diretamente o dia-a-dia dos pais e mães que têm que trabalhar, além de se criar depósitos clandestinos de crianças. Das sete cidades, São Caetano figura como exceção - o município atende toda a demanda de Ensino Infantil.
A situação é tão preocupante que os municípios de Diadema, Santo André, São Bernardo, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra são alvo de ações civis públicas ou individuais do Ministério Público, que exige a criação de vagas para todas as crianças.
Ações necessárias mas insuficientes, no curto prazo, para resolver o drama dos pais que deveriam contar com o apoio da municipalidade para ter creche para seus filhos e filhas.
É a hora de aproveitarmos as reflexões que surgem na Semana da Criança e as vincularmos com a Semana das Eleições no próximo ano.
E toda vez que surpreendermos um político beijando uma criança vamos deixar bem claro que não terá nosso voto se não se comprometer, de verdade, pela geração de vagas nas creches municipais.
Porque o voto dos pais que são abandonados à própria sorte, juntamente com seus filhinhos e filhinhas, tem peso. E saberemos, com certeza, escolher melhor em quem votar, principalmente, porque seremos lembrados todos os dias, das dificuldades que enfrentamos para deixar nossos filhos em casas improvisadas, sem estímulo educacional, sem apoio de professores e pedagogos.