Wednesday, September 28, 2011

Mais 20 dias de aula por ano ou período integral?

Por Adilson Torres dos Santos, o Sapão
Após o baixo desempenho das escolas públicas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), divulgado recentemente, o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou que o governo estuda ampliar a jornada nas escolas com mais horas de aula por dia ou com mais dias letivos no ano - passando de 200 para 220 dias.
Os especialistas ouvidos pelos jornalistas do Portal Terra acham que 20 dias a mais não fariam muita diferença na formação dos alunos. E sugerem que se invista no período integral. O governo, claro, tende a adotar os 20 dias a mais. Daria para justificar os discursos e todos fingiriam que o País estava tentando melhorar a educação nas escolas públicas. Mas bastaria outro Enem para que as desculpas esfarrapadas caíssem por  terra.
Por isso, defendemos a adoção das escolas com período integral. O que pega é o custo. Mas até para isso há uma solução. Existe uma proposta de o governo brasileiro, em todos os níveis, investir 10% do PIB na Educação.
Atualmente, investimos 7%. Com a ampliação dos investimentos, mais um monitoramento de pais e mestres e da sociedade civil, para se evitar desvios e corrupção, talvez consigamos tirar dos discursos a tão sonhada Educação de qualidade nas escolas públicas brasileiras.
Enquanto nossos filhos e filhas passarem pelas escolas públicas e saírem sem saber o necessário para a sobrevivência, ainda estaremos sendo vítimas de uma política pública adotada na época da ditadura militar. E os governos que fingirem que resolvem a situação e nada fazerem continuarão cúmplices das políticas educacionais adotadas nos tempos da ditadura.
Os militares desmantelaram a escola pública e os filhos dos pobres, sem alternativa das escolas particulares, foram submetidos a essa humilhação. Portanto, se o governo brasileiro quer mesmo resgatar a Educação no País terá muito trabalho e muito investimento à frente. Um resgate que só será completo com a valorização e o respeito social pelos professores.

Wednesday, September 14, 2011

Sufocados no trânsito

Por Adilson Torres dos Santos, o Sapão
As autoridades municipais e de trânsito precisam agir com rapidez antes que tenham mais carros que gente nas ruas das cidades do Grande ABC. Segundo informações da imprensa local, baseados em dados fornecidos pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) a frota de veículos do ABC cresceu nove vezes mais do que a população na década.
Enquanto o número de habitantes cresceu em 194.413 pessoas nos últimos dez anos, no mesmo período as ruas de nossas cidades receberam mais 580.112 novos veículos.
Eis as últimas contas: somos um total de 2.549.135 habitantes para um assustador número de 1.352.721 carros.
Se por um lado, tanto carro nos orgulha, pois afinal somos uma região que se especializou na produção de carros, inclusive com a fabricação das autopeças, é importante que a administração local mude o jeito de gerenciar o trânsito nas nossas cidades.
Claro, que vai gerar reclamação todas e quaisquer atitudes adotadas. Sejam elas relacionadas com rodízio de veículos, como já acontece em São Paulo, ou com restrição de áreas centrais para a circulação dos veículos ou ainda com a reserva de locais para o estacionamento preferencial de veículos.
O que sabemos é que não podemos mais adiar uma solução qualquer. E precisamos, por exemplo, discutir com nossos vereadores e prefeituras os investimentos também inadiáveis no transporte público. E combinar tais iniciativas com algum tipo de restrição aos veículos.
Sob pena de estrangularmos nosso processo viário e termos que adotar uma solução radical que também não interessa a nenhum de nós.
Se você tiver alguma sugestão, por favor, envie para mim ou coloque nos comentários deste Blog. Vamos encaminhá-las para as respectivas prefeituras e para cada um dos nossos vereadores. O que acha?

Reavaliar a aprovação automática de nossos filhos

Por Adilson Torres dos Santos, o Sapão
Um modismo preocupante tomou conta das nossas escolas públicas e privadas. Nenhum aluno pode ser mais reprovado. E, ao mesmo tempo, a aprovação não está vinculada a confirmação do aprendizado.
Resultado: com o tempo, os alunos aprendem a fingir que aprendem e os professores, sem outra alternativa, fingem que ensinam. Afinal, terão que transferir os alunos de série no fim do ano, tenham ou não aprendido a lição.
Os jovens que fingem que aprendem crescem e precisam se colocar no mercado de trabalho. E a realidade aqui fora é outra. Não tem moleza. Ou você sabe ou é demitido, mesmo depois de ter sido formalmente contratado. A grande maioria nem consegue passar pelos exames de admissão para as novas vagas.
O pior é que tentam repetir a mesma situação nas faculdades que aceitam suas mensalidades em troca do mesmo sistema de ensino. Em que o aluno passa a ser tratado como cliente e ao fim de quatro anos terá jogado dinheiro seu e da família pelo ralo, sem conseguir aprender uma profissão.
Começa, então a perambulação atrás de vagas. E mesmo apresentando diplomas universitários, os selecionadores sabem separar o joio do trigo. E o jovem sofre anos e anos de desemprego ou de subemprego.
A responsabilidade é de todos nós. Tanto dos pais (que já se manifestam contra esta tal de aprovação automática) quanto do Estado.
Se querem mudar o sistema de avaliação do estudante têm que criar mecanismos sólidos que premiem os que se esforçam e que mostre aos que não estão nem aí que enfrentarão dificuldades no mercado de trabalho e na vida.
O governo do Estado deveria ouvir os pais e mestres, os empregadores e lideranças sindicais. Porque a aprovação automática não interessa para ninguém. Nem para o aluno nem para seus pais. E muito menos para o mercado de trabalho, ávido de encontrar profissionais minimamente qualificados e prontos para serem incluídos no ambiente de produção e de serviços, que exige garra, determinação. Qualidades que, infelizmente, não são ensinadas mais nas salas de aula

Friday, September 9, 2011

Educação é o melhor investimento

por Adilson Torres dos Santos, o Sapão, diretor tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá

Cada R$ 1,00 investido na educação pública resulta em um crescimento de R$ 1,85 em nosso Produto Interno Bruto, o PIB, que é o total das riquezas produzidas no Brasil.
Essa constatação que deveria ser impressa e colocada em murais de todos os políticos brasileiros, sejam eles vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República resulta do Comunicado Ipea 75, publicado em fevereiro deste ano com o título: “Gastos com a Política Social: alavanca para o crescimento com distribuição de renda”.
O Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada – presidido por Márcio Pochmann, produz estudos que deveriam substituir ou pelo menos ajudar os discursos políticos. Em vez dos “achismos” deveríamos usar os estudos do Ipea para nos conscientizar dos acertos dos gastos públicos a favor da nossa economia, da distribuição de renda e do bem-estar da população.
Depois dos gastos com Educação, o que dá mais retorno é o investimento no Bolsa Família. Os cálculos do Ipea mostram que cada R$ 1,00 investido no programa Bolsa Família aumentará o PIB brasileiro em R$ 1,44.
Investir na Previdência Social também tem reflexos positivos no PIB. Para cada R$ 1,00 gasto em previdência se amplia o nosso PIB em R$ 1,23.
Enquanto isso, o gasto de R$1,00 com juros sobre a dívida pública gerará apenas R$0,71. Ou seja, gera um efeito negativo no crescimento do nosso PIB.
As análises do Ipea podem ser acompanhadas no site www.ipea.gov.br. São gratuitas, altamente especializadas e muitas são accessíveis à compreensão dos cidadãos e trabalhadores.
E deveriam servir de indicadores de mobilização social. Pois diante de números tão definitivos, fica muito mais fácil convencer nossos legisladores e os poderes executivos que investir, por exemplo, em Educação é uma decisão a favor do Brasil, pois terá impacto direto no aumento do acúmulo das riquezas do País.
Principalmente, se os investimentos forem realizados com seriedade cívica e sem serem desviados pela corrupção.