Wednesday, March 28, 2012

Dívida ou desespero?

Adilson Torres dos Santos, o Sapão, diretor tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá


Tem momentos em nossas vidas que parece que perdemos o rumo. Nos casos de doença grave ou de perda de um ente querido, só nos resta o conforto espiritual, pois temos a certeza que se trata de algo que só Deus pode resolver.
Mas existem outros momentos também tão desesperadores mas que depende apenas de a gente conhecer o caminho das pedras para evitar que o desespero tome conta de nossa vida.
Estou me referindo às situações em que perdemos o controle de nossas dívidas e temos que ter o sangue frio para achar, rapidamente, uma saída. Sem cometer atos desesperados ou comprometer nosso futuro.
Estou escrevendo esse texto porque fiquei sabendo de companheiros e companheiras que se endividaram a ponto de perder o controle. E no desespero abriram mão da estabilidade para zerar suas contas. O que acredito ser uma medida extrema que temos que, juntos, buscar uma saída.
Quando o trabalhador abre mão da própria estabilidade no emprego para acertar suas contas, está vendendo a certeza de curto prazo do seu futuro, que nos custou muito caro enquanto categoria profissional para conquistar e negociar. Seja a estabilidade por motivo de doença, por participar da Cipa ou por ocupar algum cargo de representação de seus companheiros e companheiras.
Por isso, resolvi tratar o assunto endividamento de frente e com a seguinte palavra de ordem: a dívida não pode nos levar a perder a cabeça e comprometer nosso futuro.
Vamos mobilizar os especialistas que o Sindicato tem acesso e promover cursos de educação financeira, no qual aprenderemos como renegociar, legalmente, nossas dívidas. Vamos aprender, na prática, com exemplos concretos, como criar uma reserva financeira que nos proteja e às nossas famílias. Vamos conquistar nossa liberdade financeira para não nos vermos, nunca mais, escravos de dívidas que só nos trazem angústia e desespero.

Thursday, January 12, 2012

Decisões pessoais e intransferíveis


Por Adilson Torres dos Santos, o Sapão

Como trabalhadores estamos acostumados às decisões coletivas. Nossos reajustes salariais dependem de nossa ação conjunta em torno do Sindicato para que consigamos bons acordos salariais. O nível de emprego depende de políticas econômicas e da nossa capacidade de se mobilizar e de pressionar as instâncias governamentais, tudo feito, claro, de maneira coletiva.
Mas existem decisões que dependem de nossa atitude pessoal e que são intransferíveis.
Por exemplo, motivar nossos filhos para que tenham um bom desempenho na escola. É um dever dos pais que devem se acostumar a tirar pelo menos meia hora por dia para conversar com os filhos, de maneira detalhada, sobre o desempenho escolar.
Pegar os cadernos, verificar as observações dos professores, ligar para o diretor ou diretora pedagógica, nos informar quando acontecerá a próxima reunião de pais e mestres, indagar sobre o comportamento e aproveitamento de nossos filhos. É uma decisão nossa e intransferível. Que se tomada com frequência permitirá um melhor aproveitamento de nossos filhos na educação essencial para os seus desenvolvimentos futuros.
O mesmo tipo de responsabilidade pessoal se aplica ao posto de saúde, ao transporte público e à segurança em nossos bairros.
Se abrirmos mão de nossa responsabilidade pessoal a coisa pública que nos afeta coletivamente continuará a funcionar precariamente. Pois o administrador público, geralmente um político eleito ou nomeado por um político eleito precisa saber quais são nossas avaliações. São homens e mulheres dependentes do voto para renovarem suas posições administrativas e que quando convenientemente pressionados, tendem a buscar respostas.
E caso não respondam aos apelos diretos que façamos para melhorar o atendimento no posto de saúde, na escola dos nossos filhos ou no transporte coletivo teremos como opção excluí-los de nossa votação nas próximas eleições.
Ou seja, do mesmo jeito que somos responsáveis pelo voto somos também responsáveis pelo acompanhamento pessoal direto do desempenho dos nossos políticos e administradores públicos, pela educação dos nossos filhos, pelo funcionamento adequado dos postos de saúde.

Projetos ou bolhas de sabão?


Adilson Torres dos Santos, o Sapão

A cada ano que começa, a exemplo de 2012, muitos de nós estão com a alma até aqui de boas intenções. Os planos pipocam como os brindes e as gargalhadas. Mas correm o risco, e todos nós reconhecemos, de se transformarem em bolhas de sabão e se perderem antes mesmo da chegada do Carnaval.
Talvez uma boa idéia seja conversar com nossos familiares, os mais chegados e mais cheios de fé no nosso potencial, e dividir com eles e com elas nossos planos para o ano que começa.
É uma maneira de a gente avaliar se estamos sonhando ou se planejamos com os pés no chão. E se conseguirmos um mínimo de aprovação para nossos projetos, conquistaremos de tabela a cumplicidade das pessoas que são importantes para nós.
Um plano difícil de fazer mas muito fácil de colocar de pé é estimular a nós mesmos e a nossos filhos para conseguir uma boa educação no ano que começa. Se educar tem a ver com escola, professor, livros. Mas tem a ver, principalmente, com a determinação de aprender algo novo e que seja útil para nossas vidas.
Podemos fazer cursos on-line ou frequentar um curso de língua. Quem sabe aprender chinês ou espanhol? Podemos nos inscrever na biblioteca mais perto e tentar, a princípio, ler um livro por mês. Difícil? Então faça as contas comigo.
Se você ler dez páginas por dia, consumirá por volta de 30 minutos. Se repetir o hábito durante 5 dias por semana, depois das 52 semanas de 2012, terá lido 2.600 páginas. Ou o equivalente a dez livros de 260 páginas.
Viu? É fácil planejar. O difícil mesmo é se comprometer com o projeto e ter a disciplina para realizá-lo. É melhor assumir uma decisão e agir. Antes que sua vida se consuma em vários Natais e Fins de Ano e você seja levado pelo vento como uma bolha de sabão.